domingo, 19 de setembro de 2010

DEBATE

O Portal Nós da Comunicação promoveu, no final do ano passado, o debate “X, Y e + o Q?” na Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro. Mediado por Bernadete Almeida, professora e coordenadora da ESPM Social, a discussão contou com a presença de Mauro Segura, diretor de Marketing e Comunicação da IBM Brasil, e Eline Kullock, presidente do Grupo Foco, e tratou do relacionamento entre as diversas gerações no mundo corporativo e como as empresas podem valer-se dessas diferenças para enfrentar os obstáculos do mercado.
Abaixo, os melhores trechos do debate publicado no Portal (clicando aqui você poderá ler o texto na íntegra):



“As gerações são diferentes, mas devem se encontrar. E isso só vai acontecer com a mente aberta”, comentou Eline, que estuda o comportamento de jovens em sua consultoria, com filiais em 18 estados brasileiros. “A geração Y é muito impaciente e centra a vida em tentativas e erros, atitude que impacta diretamente nas empresas”, prosseguiu, referindo-se aos nascidos a partir da década de 80, totalmente conectados às novas possibilidades de tecnologia. “É preciso entender que eles vivem com outros modelos mentais e só aceitam os líderes generosos, que vão ajudá-los e fazê-los crescer”.

Mauro acredita que aí entra a importância de quem é da geração X. “Ele é o melhor tradutor dessa nova realidade. É ele quem entende melhor o que está acontecendo”, salienta. “Os questionamentos contra a autoridade estabelecida que compõem a ação da geração Y, na verdade, começaram com a geração X”, acrescenta. O executivo citou um case vivido na própria IBM, “Fizemos a comunicação se tornar um agente de transformação na empresa, selando uma união sólida com a área de Recursos Humanos, integrando o board da companhia como protagonista, a partir de uma nova postura do profissional e das novas ferramentas à disposição”, informou.
“O profissional de comunicação empresarial que nos anos 80 e 90 se preocupava com os jornais e eventos internos e com os discursos das chefias passou a influenciar a estratégia da organização, transformar a cultura interna criando um novo ambiente de trabalho”, comentou, afirmando ainda que a IBM possui 50% de sua força de trabalho no Brasil na geração Y.
“Precisamos deixar claro que a nova geração terá oportunidades, criando um ambiente transparente, colaborativo e que haja um propósito, fazendo com que eles trabalhem com inspiração para mudar o futuro”, prosseguiu.
A crise financeira que atingiu a economia foi citada como um importante exemplo de como uma geração pode entrar em cena para ajudar outra e, com isso, impulsionar o negócio. “Chamamos dezenas de aposentados da empresa para nos auxiliar durante a crise. Eles chegaram cheios de gás e fizeram a diferença, pois trouxeram de volta um pouco dos valores da empresa e da cultura corporativa”, revelou Mauro.
“A geração Y ficou um pouco frustrada com o que viveu na crise e buscou apoio naqueles que já haviam passado por crises anteriores, com troca de moedas, confisco de poupança... O importante, no entanto, é deixar claro que o profissional mais experiente só terá uma atuação perfeita se conseguir contar o passado da corporação pensando no futuro”, ampliou Eline. “É preciso ressaltar que conhecimento e experiência não são a mesma coisa. Temos muitos profissionais com uma bagagem acadêmica sólida, mas sem rodagem. Aí, entra a experiência no negócio”, ponderou Segura.
O diretor da IBM acredita que muitos dos erros cometidos pelas empresas para atuarem no novo cenário digital, por exemplo, ocorrem por conta de uma urgência em participar de algo ainda em transição. “A mudança de postura interna deve ser anterior aos blogs e às redes sociais corporativas”, assegura o executivo. “Incentivamos nosso funcionário a estar nas redes sociais e cada um deles se transforma em um porta-voz da empresa, mas sendo responsável pelo que escreve”. E tal atitude não traz problemas? “Claro, não é um processo fácil. A geração Y passa do ponto em algumas ocasiões. Temos caso de quem faz blog para falar mal da IBM, mas em vez de punirmos, apostamos na educação. É um processo lento, de tolerância”, pontua.
Para Eline, a questão central da atuação das organizações está na discussão. “Vejo muito pouco debate. A empresa quer reter seus talentos, mas falta clareza para deixar claro que eles poderão aprender, falar, contribuir. O choque entre as gerações continuará a ser discutido permanentemente”, concluiu.

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